A tela sem título III, de 2005, fez parte de um conjunto de telas expostas segundo o título “Pintar, Despintar, Pintar”, que remete diretamente para o processo desenvolvido na série.
Intervindo na tela, despejando tinta vermelha em direção ao centro, utilizando um processo de mediação ao qual as tintas eram submetidas, por meio do uso de uma outra tela perfurada, um "evacuador, o resultado sugeriu a aposição de uma cruz, o que exigiu a despintura da área correspondente para de seguida a revelar através da pintura.
Interessou-me contrapor, dois pólos antagónicos que não se anulam mutuamente, mas, antes, convivem numa tensão que dá vivacidade e interesse relativos ao trabalho. Tal é o caso da dicotomia existente entre a regularidade do registo com aquilo que foge ao controlo do programa pré-estabelecido.
Sem ter noção disso, vim a confrontar-me com uma tela de Malevich, que no seio do Suprematismo apresentava uma obra marcada, também ela, por esse sentido de ortogonalidade.