... O que o “olho” do artista faz é selecionar um enquadramento e racionalizar a sua perceção, limpando-a de tudo o que é acessório e fugidio (isto é, de todo aquele ruído visual que anima as paisagens urbanas), mesmo que isso implique a exclusão do próprio homem. As imagens resultantes desta dep...
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... O que o “olho” do artista faz é selecionar um enquadramento e racionalizar a sua perceção, limpando-a de tudo o que é acessório e fugidio (isto é, de todo aquele ruído visual que anima as paisagens urbanas), mesmo que isso implique a exclusão do próprio homem. As imagens resultantes desta depuração racional do espaço visual são as que podemos observar nestas telas de André Lemos Pinto. São paisagens construídas pelo Homem, mas onde a presença humana é apenas emanente. São visões fotográficas; perspetivas “congeladas” de um dado espaço, num dado tempo. São paisagens clarificadas, reduzidas ao essencial pela simplificação dos meios plásticos. Nelas, os planos de cor materializam as formas, definindo também os jogos de luz-sombra. Límpidas, firmes e nítidas, as formas impõem-se-nos ao olhar, sem qualquer constrangimento. Apenas o tom e o timbre das cores escolhidas nos permitem intuir as sensações e as emoções que o artista retirou dos lugares.
Espaços com alma.
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