A temperança não é um sentimento, mas uma capacidade, ou seja, uma virtude.
É a virtude que supera todos os géneros de embriaguez, sendo o oposto do desregramento dos sentidos.
Não se trata de não gozar, nem de gozar o menos possível, mas de gozar melhor.
É um gosto esclarecido, refreado, cultivado. É prazer livre e que por isso maior prazer aufere, porque tem prazer com a própria liberdade.
Ser temperado é poder contentar-se com pouco, mas o que importa não é esse pouco, mas é o poder e o contentamento. A infinitude dos desejos vota-nos à escassez, à insatisfação e à infelicidade.
Não é uma virtude de excepção, como a coragem, mas uma virtude humilde, de regra e condimento.
A temperança intensifica o prazer, quando presente e faz a sua vez, quando ausente.