"Na casa de campo há um pomar com flores e frutos que voltam ciclicamente em cada ano e que surgem de modo teatral transformando-se, mais tarde, em naturezas-mortas encenadas pela sua força pitoresca. Na frescura das manhãs dos primeiros dias de primavera observa-se o desabrochar dos botões nos ramos, cheira-se as flores fragrantes das laranjeiras, das alfazemas e do alecrim, mas também das rosas do canteiro tão delicadas e perfumadas! O solo não cultivado está coberto de papoilas vermelho-selénio e de pétalas silvestres de tons laranja e violeta; ali, o chão é dos pardais, dos melros, das poupas, da toca da toupeira oportunista e do carreiro de formigas. Quando o bom tempo regressa e o ar está ameno, lá dentro, contempla-se pela janela jovens plantações experimentais que chegam à sua maturidade, mas que só darão fruto mais tarde. (...)"