Esta obra faz parte de um projeto que designei "Entrecruzados". A ideia que originou este projeto surgiu em 1990, num estudo/desenho a partir do qual perspetivava realizar uma pintura. As formas que construí revelam uma profundidade indefinida, mas também um caos ordenado. Isto é, por um lado, a profundidade existe, mas a sua possibilidade real seria dificilmente definível; por outro lado, o caos que se nos apresenta resultou de uma ordem de delineação determinada pela racionalidade retilínea de linhas e pela deliberação geométrica de cada traço. Este, como qualquer um dos trabalhos que compõem o projeto "Entrecruzados", foi elaborado sem qualquer instrumento auxiliar de rigor. Ou seja, a irracionalidade que subjaz ao nosso organismo foi complementada pela racionalidade do pensamentos (geométrico), mas, sem qualquer artificialidade; quase que o próprio corpo autorracionalizou-se, sendo que tive de procurar um equilíbrio orgânico/inorgânico a um nível sinergético mente-corpo.