10 artistas emergentes para manter debaixo de olho
Os últimos dois anos têm sido incríveis para o mercado artístico! As feiras de arte de todo o mundo, como a Arco Madrid, a Art Miami ou a Art Basel bateram recordes de visitantes e, mais do que isso, voltaram a ver as suas vendas de obras de arte atingir valores de outros tempos de glória. Também os leilões da Christie’s e da Sotheby’s nos têm deixado boquiabertos, com as obras dos mais aclamados pintores a lutarem pelo estatuto de “obra mais cara alguma vez comercializada em leilões”.
Mas todo este (merecido) entusiasmo com os mais conceituados artistas e galerias de topo pode ter feito alguns distraídos esquecer os autores que estão ainda em ascensão, mas que já produzem obras de arte “como gente grande”. Preparámos, por isso, um best of com 10 artistas emergentes que vão querer manter debaixo de olho.
Sanya Kantarovsky
O autor Russo não gosta de ver o seu trabalho apreciado com base em características de abstração ou figuração. Em vez disso, prefere que seja relacionado com as influências gráficas, caligráfica e históricas que orientam o seu trabalho. Apesar de produzir também esculturas e vídeo instalações, Sanya Kantarovsky tem visto o seu nome ganhar projeção graças às suas pinturas. Minimalistas e com alguma carga humorística, estas são a forma do artista expressar a sua própria visão sobre temas sócio-culturais.
Matthieu Clainchard
Matthieu Clainchard é não só um artista, como um curador parisiense. O seu trabalho incide sobre o quotidiano urbano, sobre coisas já existentes, numa clara preferência pelo provocador estilo ready-made (de que Duchamp foi o grande impulsionador), e por assemblagens. Não é, por isso, difícil de compreender que Clainchard goste de contrariar os clichés e as conclusões imediatas. Bastante crítico sobre os contextos em que a arte deveria e poderia existir, Matthieu Clainchard gosta de alterar coisas, objetos, máquinas, situações, contrariando a lógica dos seus limites. Ainda que assumidamente provocatório, o artista francês é absolutamente capaz de manipular as percepções dos que contemplam o seu tabalho.
Maja Vukoje
O trabalho de Maja é absolutamente singular porque quase obriga o espetador a “descodificar” as várias camadas das suas pinturas. No que toca ao material, a artista australiana prefere também fugir do convencional, optando por utilizar objetos tidos mais como de utilização doméstica do que para pintar, como pentes, espátulas, espelhos ou o seu próprio cabelo. Mas este recurso a objetos menos espectáveis, e a sua conretização em diferentes técnicas na tela, vai de encontro à tentativa da autora acentuar as várias camadas da sua narrativa. Maja Vukoje esteve presente na Art Basel Miami Beach, em 2013, e as suas telas de larga escala foram das obras mais apreciadas da feira.
Radka Salcmannova
A artista da República-Checa tem deixado toda a gente boquiaberta com as suas fotografias que se assemelham a pinturas surrealistas, como provam ‘Photography Paintings’. Para Radka, todas as fotografias são como performances, gostando de provocar estranheza e confusão no espetador. A fusão das suas formações base, nas áreas de fotografia, escultura e arquitetura e design faz com que a artista consiga transgredir as categorias que definem, normalmente, as obras de arte, fazendo com que o espetador nunca perceba muito bem o que está a ver. As imagens criadas acabam por ser, obviamente, fictícias, mas representativas das emoções e questões interiores de Radka, que procura desafiar os outros a questionarem-se também.
Zhao Zhao
Com as práticas repressivas do governo chinês no que à cultura diz respeito, é cada vez mais interessante ir-se acompanhando o trabalho dos artistas menos conhecidos, que acabam por desempenhar um papel de ‘ativistas’ nesta situação. Que o diga Zhao Zhao, que viu já os seus trabalhos confiscados, foi multado pelo governo chinês inúmeras vezes, e chegou a estar preso, com direito a espancamento, por nenhuma razão que não a de afronta. Ainda assim, Zhao Zhao não se deixa render, e continua a desenvolver o seu trabalho, a fim de modificar as consciências e a mentalidade cultural.
Fernando Corona
O percurso do artista mexicano não deixa de ser curioso: Corona cresceu envolto na cultura de rua e do street style, mas acabou por conseguir ganhar uma bolsa de estudos para estudar artes, estabelecendo-se como um promissor artista. Foi quando perdeu o seu estúdio, em 2010, que o artista retomou as suas origens, voltando a pintar murais em edifícios públicos de grande escala, de cidades como Veneza, Nova Iorque, Berlim ou Budapeste. Mas as intervenções de Fenando Corona não se limitam aos habituais grafitis: o artista convida pessoas desconhecidas para o ajudarem a pintar, quer estas tenham, ou não, ligação à área. Fernando Corona define-se como um pintor conceptual, cujo trabalho é desenvolvido em espaços públicos.
Dan Rees
Dan Rees é um artista multidisciplinar, cujo trabalho funde as suas competências como fotógrafo, artista sonoro, performer e pintor. A maioria das suas obras enquadra-se numa categoria de abstratismo, orientadas, tendencialmente, para contornos conceptuais. Ainda assim, as suas produções acabam por misturar as suas valências com características históricas da arte, e referências pop, o que o torna o resultado final complexo, e difícil de “etiquetar”, numa palavra que não seja “fresco”.
Borna Sammak
Borna Sammak deu nas vistas na edição deste ano da Art Basel, tendo conseguido comercializar todos os trabalhos que estiveram na feira. Com molduras desenhadas pelo próprio artista, extensões, e outros componentes tecnológicos, os ecrãs mostravam “camadas” de vídeo, focando componentes individuais, como lulas, fungos, pedaços de textos.
Pap Souleye Fall
Este artista, nascido no Senegal, mudou-se para os Estados Unidos recentemente. O mais inacreditável é que Fall só tem 17 anos, e começou a pintar com 14! Para além da pintura, o artista dedica-se também a escultura e a desenhar peças de vestuário. No seu trabalho, Pap Souleye Fall mistura as influências das novas tecnologias com o que vê no quotidiano, nas ruas. Num trabalho que faz, inevitavelmente, relembrar Basquiat, o objetivo de Fall é tornar-se um artista reconhecido internacionalmente.
Beatrice Gibson
Beatrice Gibson é uma cineasta e artista londrina. Numa mistura de imagem, performance e texto, a artista explora, através do seu trabalho, temáticas como o som, sociabilidade, produção coletiva e representação. O seu filme ‘A Necessary Music ‘(2009) ganhou o Tiger Award, na categoria de Best Short Film, no International Film Festival Rotterdam 2009. Beatrice Gibson tem enriquecido os seus trabalhos com uma série de colaborações com curadores, críticos de arte, editores, designers, pessoas que trazem novas perspetivas aos seus projetos.
Estes artistas atingiram já, graças ao seu talento, um patamar de visibilidade e reconhecimento internacional. Só podemos aguardar, expectantemente, para onde o tempo e maturidade artística levarão as suas criações. Mas não só destes artistas se falará no futuro. Aqui, bem mais perto, é possível encontrar alguns dos nomes que garantirão a continuidade da arte de qualidade, feita em Portugal. Na shair encontra incríveis artistas emergentes, cujo trabalho merece ser amplamente difundido.