Esta obra faz parte de um projeto que designei "Entrecruzados". Os dois desenhos, de 2012, compõem um dístico de 2020. Nesta altura, comecei a repensar o meu trabalho concetualmente. Procurei estabelecer relações entre os meus desenhos, tentando que se conciliassem estética e concetualmente. Os conceitos mais evidentes neste trabalho são: frio/quente, neutro/cromático, união/desunião, simples/complexo, sobposto/sobreposto. A possibilidade de sequenciar alternadamente a opção por uma tendência ou outra permitiu criar uma dinâmica com que se desencadeou o fazer, o desfazer e o refazer. O resultado apresenta-se como o testemunho linear da procura de contrariar a evidência da definição curva das formas. Ou seja, o trabalho explicita o trajeto em que tentei desfazer a tendência instintiva para a curva previsível, alimentando o ímpeto da sua destruição, mas, ainda assim, não sendo possível a tendência inevitável para a ideia concetual objetiva de curva.