(...) Estas obras sobre papel têm vida própria: o ponto livre da máquina molda curvas e dobras seguindo um ritmo orquestrado pela artista. O desenho adapta-se e amplifica-se graças às intervenções bordadas. O ponto da máquina cobre o papel de gesticulações furiosas e de nós caprichosos que completam o desenho. Em ambos os casos, a ilusão da realidade é reforçada pela dimensão táctil. Pigmentos, grafite e óleo se entrelaçam para melhor acomodar os sussurros da máquina.
A delicadeza do desenho, a resiliência do papel, a transparência, a espessura, a flexibilidade e as tensões constroem um universo íntimo, aliando força e fragilidade.
O Corpo e Paisagem são as bases duma linguagem alegórica onde se cruzam as noções de privado e de coletivo.
As paisagens deixam-se domesticar por grades e estruturas até a imobilidade. Face à inércia, o fio une o absoluto ao fragmento.
E a imagem recria o passado ...

Pauline Dantonel