Arte e Erotismo, por Ricardo Reis
“O erotismo é apenas uma das muitas vertentes que fazem parte da panóplia de formas e contextos de expressar artisticamente, ou seja, o erotismo faz parte da vida, e a arte é apenas o reflexo da vida e vice-versa.
Pessoalmente, utilizo o nu artístico como forma de expressar emoções, pensamentos, divagações e todo o tipo de introspeções. Tento fazer uma imagem que seja propícia a um debate, seja ele interno ou exteriorizado, uma discussão de motivos ou razões, se é que de facto eles existem, de ter feito uma imagem de certa maneira.
Preparo à priori um contexto, uma ideia que por si mesma nunca está logo definida nem acabada, e que pode e deve sofrer alterações no momento da execução, seja pela influência interna ou externamente, pelo fotografado ou cenário.
Tenho como intenção principal rever-me a mim próprio, nem que seja pelo mero facto de apresentar, de uma forma muito própria, a imagem, de acordo com a minha maneira de ver o mundo, e a realidade, quase sempre de uma forma surrealista.
A minha realidade é essencialmente uma mistura do que toda a gente vê e o mundo de sonho, de ilusão, que crio. Gosto de misturar texturas e utilizar o fotografado como elemento intrínseco do cenário ou o contrário,utilizando-o como elemento externo, quase intrusivo.
Trabalho muito sobre extremos. As imagens ou são muito limpas ou extremamente complexas de perceber.
Em termos de técnicas, gosto bastante de efetuar múltiplas exposições em negativo preto e branco ou longas exposições em que o fotografado aparece muitas vezes na mesma imagem. O meu intuito é, de facto, reforçar a ideia de mistura do mundo real com o meu imaginário. As minhas imagens são criadas por inteiro no momento da execução, não em pós produção. São muito mais desafiantes de criar assim, difíceis como a própria vida.
Gosto e pretendo criar e despertar emoções fortes a quem vê as minhas fotografias, sejam elas admiração ou repulsa. O importante, o que me interessa, é que sintam algo, que seja um ponto de partida para algo mais, que seja o espetador a terminar a imagem que eu criei.”
Sobre o autor:
Um perfeito caos e um enigma eterno. É assim que Ricardo Reis descreve o mundo! Há sete anos, ele encontrou, finalmente, uma maneira de se encaixar. A fotografia tornou-se, desde então, um prolongamento de si mesmo. Tendo aprimorado o seu conhecimento e técnica no IPF (Instituto Português de Fotografia), Ricardo Reis começou por fotografar para um conhecido jornal diário português, alargando rapidamente o seu trabalho a concertos, desfiles de moda, e participações em curtas-metragens e videoclips musicais como cineasta. As suas fotografias foram já expostas em várias mostras nacionais e internacionais, tendo, inclusive, ganho alguns prémios.
Aos 32 anos, Ricardo Reis aspira ainda capturar imagens de zonas de guerra devastas, e prosseguir uma carreira no cinema.
Veja aqui o portefólio de Ricardo Reis.