Filipe Rodrigues (n. 1978) é natural de Vila Nova de Gaia, cidade onde reside e trabalha. Licenciou-se em Artes Plásticas – Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), em 2002 e obteve o grau de Mestre em Artes Visuais pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto e FBAUP, em 2009. Atualmente frequenta o Programa Doutoral em Artes Plásticas, igualmente da FBAUP.
Além do conhecimento, mobiliza-o para a Academia uma inquietação e vontade de confrontar o seu trabalho com outras propostas e ideias. Esta é uma das suas características humanas mais relevantes: uma humildade, não vergada, que o faz questionar os seus processos e escolhas conceptuais e plásticas, por um lado e, por outro, persistir na busca de autores que o ajudem no processo de compreensão da sua própria pintura, da Arte, do mercado e do mundo.
Conta, no seu percurso, com inúmeras exposições individuais e coletivas, em Portugal e no estrangeiro, participando também em vários projetos como curador e divulgador de outros artistas. Combina as atividades de pintor e professor, o que lhe tem possibilitado, ao longo dos anos, um estado de residência itinerante que o coloca em confronto direto com diferentes microculturas e rotinas locais.
Filipe Rodrigues desenha e pinta compulsivamente. Quase como se a sua respiração dependesse daquela motricidade. Não obstante, há na sua pintura uma coerência programática e de linguagem, cujos denominadores comuns se estendem à paleta proveniente do universo da pop; à prevalência do figurativo de combinação do corpo com a paisagem, numa dimensão que oscila entre a urbanidade, os detalhes de situação, o universo do cinema e os desejos de consumo da sociedade pós-moderna; à grande importância do desenho, que toma os vazios, criando camadas interpretativas e de relação a uma outra dimensão da cultura pop que é a do tradicional ou rural; e, por fim, no enorme cuidado para que, na densidade do representado, haja uma sugestão narrativa que parece ser expressão do submundo interior do artista. Com a sua linguagem pictórica, Filipe Rodrigues procura contar-nos uma estória.
PRESENT VIEW é, assim, uma espécie de retrospetiva sobre o percurso ao longo dos últimos 10 anos, mas olhada e analisada aos olhos do que é hoje o artista. No total, são cerca de cinco dezenas de obras à disposição do olhar atento dos públicos que o pintor, nunca esquecendo a sua condição de professor, aluno e consumidor cultural, procura interpelar, desafiar à construção de outras narrativas, diferentes das suas e que tornem intemporais as suas reações. Expõem-se, de uma forma geral, acrílicos sobre tela, mas também aguarelas sobre papel, desenhos e uma composição site specific, reveladora do enorme envolvimento que o próprio artista teve em todo o processo de montagem e interligação da pintura à arquitetura.
Helena AM Pereira
Chief Curator da shairart