A arte de Zélia Mendonça deriva da nova tendência que, nas últimas décadas, marcou a arte contemporânea, tanto pela audácia como às vezes pela negação da verdadeira criação estética.
As obras de Zélia Mendonça valem-se de objetos como bustos, cadeiras, lâmpadas, ela os transfigura, criando coisa...
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A arte de Zélia Mendonça deriva da nova tendência que, nas últimas décadas, marcou a arte contemporânea, tanto pela audácia como às vezes pela negação da verdadeira criação estética.
As obras de Zélia Mendonça valem-se de objetos como bustos, cadeiras, lâmpadas, ela os transfigura, criando coisas fascinantes, ainda que originárias de nosso cotidiano. Aliás, o fascínio vem dessa transfiguração.
É, portanto, desse choque, do banal com o onírico, que nasce o encanto das obras que ela inventa. Essa invenção – ou reinvenção – seja de um torso feminino seja de uma simples cadeira – dá-se pela profusão das cores e dos elementos inusitados de que lança mão para os recobrir e nos arrastar para o sonho.
Essas obras às vezes evocam os cenários de uma espécie de teatro surreal e, ao mesmo tempo, parecem impregnadas da magia própria aos rituais da cultura negra brasileira. É, por isso mesmo, uma mescla do sofisticado e do popular.
Ferreira Gullar