Be a collector é o apelo da shairart de agora e para o futuro, assente no objetivo de democratização do acesso à arte e ao seu mercado a artistas como a colecionadores
As obras de arte são o único produto, num mercado cada vez mais global, verdadeiramente exclusivo e irrepetível. As coleções são elementos significativos na nossa tentativa de construir o mundo e o nosso esforço de compreensão das mesmas constitui uma forma de exploração da nossa relação com o que nos rodeia. Colecionar arte é, por sua vez, a única garantia, numa sociedade cada vez mais impessoal e líquida, de que legamos ao futuro matéria de definição do ser humano, também, único e inteiro que somos.
A chegada à shairart de uma nova equipa, e de um consequente novo conceito, fez-se também da descoberta dos artistas que aqui haviam deixado obras em depósito, passando estas a integrar a nossa coleção. No decorrer do processo de reorganização da coleção, Diogo Goes (n. 1989), Francisco Ferro (n. 1954), Florisa Novo Rodrigues (n. 1991), Luís Freitas (n. 1985) Miguel Neves Oliveira (n. 1980) e R. Gritto (n. 1976) foram os artistas, com histórico de colaboração com a shairart, que se apresentaram como representativos das tendências da produção artística contemporânea do novo milénio: figuração de tendência realista ou neorrealista; uma crescente valorização do desenho e das competências técnicas percetíveis do artista; a (re)utilização de materiais provenientes do quotidiano e da natureza na criação artística, numa espécie de releitura dos ready-made de Marcel Duchamp (1887-1968) e de interpretação das mensagens da land art; a dessacralização da obra de arte, sobretudo, pela variedade de suportes, ditos, menos nobres e, ainda, a marca dos artistas que questionam o convencional, o decorativo, o museológico e o comercial.
Cada um dos escolhidos, dentro de uma área total de cerca de 800 m2, usufrui e pode ser usufruído pelos públicos, num espaço individual em que a sua obra foi cuidadosamente exposta. Esta não é, portanto, linearmente, uma mostra coletiva, mas um convite a uma viagem a seis universos únicos e irrepetíveis, que se interrelacionam através da arquitetura e da curadoria, no intrínseco desafio de divulgar a arte e os artistas, facilitando a leitura das suas produções por todos os públicos, sem exceção, nessa mesma lógica de democratização, tangível a todo o projeto da shairart.